Pinhão com café. A combinação pode não ser comum, mas é das melhores, assim como as forças somadas de Curitiba, a capital, e Londrina, a maior cidade do interior do Paraná, importante centro econômico, especialmente na produção agrícola. Cada uma desenvolveu uma rota turística aproveitando o mote da culinária local.
A Rota do Café foi criada com apoio do Sebrae há 10 anos para ampliar o leque de atrativos da região Norte do Paraná, até então centralizados nos eventos e nos negócios. “Investimos no turismo de experiência”, conta a diretora de Turismo da Prefeitura de Londrina, Maitê Uhlmann.
O que significa apropriar-se do tema do café em vários aspectos, desde a degustação e passeios por fazendas produtoras, até o viés científico e tecnológico. O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), por exemplo, desenvolve importantes pesquisas no setor, assim como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
O aroma do café especial vem das fazendas dedicadas ao resgate da tradição e da cultura cafeeira do Norte do Paraná, que viveu tempos áureos até 1975, quando as plantações foram dizimadas pela chamada geada negra.
Na década de 60, quando o Brasil já era o maior produtor de café do mundo, internamente era o Paraná que garantia o título. Hoje, o Estado de Minas Gerais é responsável por 53% da produção nacional.
A soja e o trigo substituíram a maior parte das plantações de café, mas a região deu a volta por cima optando pela qualidade em produções menores e mais especiais. Hoje é uma alternativa importante para a agricultura familiar.
E está se revelando uma fonte de renda para antigas fazendas desativadas ou ainda em produção, restaurantes rurais, labirintos formados por pés de café, pousadas e outros equipamentos desenvolvidos para encantar o turista.
Atrativos
As fazendas que recebem visitantes se espalham por nove municípios num raio de 200 quilômetros a partir de Londrina. São mais de 30 atrações. Entre elas estão a Monte Bello, em Ribeirão Claro, e a Palmeira, onde se descobre como o café é cultivado e pode-se aprender como fazer e usufruir de diferentes tipos da bebida.A experiência é única, e não se resume ao café – inclui trilhas ecológicas, banhos de cachoeira e observação de pássaros. Para os mais envolvidos é possível até participar da colheita.
Nas cidades, museus revelam o passado enquanto cafeterias gourmet rendem homenagem ao ouro verde, como já foi chamado o café em Londrina, conhecida em tempos áureos como a capital mundial do café. De surpresa em surpresa, a Rota do Café trabalha na recuperação de importante período da história econômica do Paraná e do Brasil, sem descuidar da preservação do meio ambiente. Afinal, é a base que a sustenta.
Grande Curitiba
É na Rota do Pinhão que florescem passeios encantadores, que misturam aventura, história, artesanato, atividades rurais, cavalgadas e pesque e pague, além de muita gastronomia, da melhor qualidade. Há sempre o que fazer em um dos municípios da Região Metropolitana de Curitiba.E se o passeio for no inverno, um pinhão, assado ou cozido, sempre atrai uma boa roda de conversa recheada de histórias locais.
Colombo e São José dos Pinhais, por exemplo, oferecem roteiros do vinho, nos quais é possível acompanhar o antigo processo de fabricação da bebida, sem esquecer da degustação tanto do saboroso líquido como de frios, queijos e embutidos feitos na região de colonização italiana.
Em Campina Grande do Sul, os passeios incluem o Parque Ari Coutinho Bandeira, onde está a única represa da região em que é possível pescar e fazer passeios náuticos – a Represa Capivari.
A natureza, com suas grutas e paisagens deslumbrantes, está no centro do turismo rural e de aventura em quase todos os municípios da Região Metropolitana de Curitiba, com inúmeras opções de hospedagem em hotéis fazenda e chácaras de lazer.
Em Quatro Barras, Piraquara, Araucária e Rio Branco do Sul, os roteiros de turismo rural sempre se completam com fartos cafés coloniais, quase sempre em propriedades rurais familiares, onde pode-se provar e comprar todo tipo de produtos caseiros.
Em Campo Magro, o destaque é o Observatório Astronômico do Paraná, a uma altitude de 1.062 metros acima do nível do mar, área escolhida pela localização e baixa poluição.
Já em Cerro Azul, o ecoturismo garante muita adrenalina nas descidas de rafting no Rio Ribeira, em caminhadas rurais e banhos de cachoeira.
E nada como baixar a adrenalina em Campo do Tenente, visitando o Mosteiro Trapista, que além de muita paz e retiro espiritual oferece biscoitos deliciosos feitos pelos próprios monges.
Mas é na Lapa que história e turismo se encontram em harmonia, no centro histórico com 14 quarteirões tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ali os roteiros rurais e cavalgadas se somam à história do Estado contada pelo casario do século 18, cortado ainda por ruas de pedras por onde passaram os tropeiros que seguiam a rota Sorocaba-Viamão.
A Lapa foi decisiva na Revolução Federalista, quando resistiu durante quase um mês no chamado Cerco da Lapa, impedindo que as tropas que pretendiam derrubar a República continuassem seu caminho rumo à capital brasileira.
A região também foi palco da Guerra do Contestado, que opôs os caboclos liderados pelo monge João Maria e as tropas do governo. O “Monge da Lapa” ainda é reverenciado na gruta que leva seu nome, cuja água é considerada milagrosa.
*com AEN-PR