Jabuti

25 Anos de amizade e de Boa Vizinhança

A história de um dos botecos mais tradicionais de Curitiba se confunde com a história de dois amigos: Marcelo Toshio e Sidnei Sionek. Parceiros “desde os tempos de catequese e grupo de jovens”, conforme eles recordam, foram criados no Água Verde. Em 1998, quase tudo era diferente no bairro. Se atualmente toda a região onde o Jabuti Bar está é um polo gastronômico, há 25 anos só havia um restaurante alemão e um ou outro boteco e lanchonete por perto.

DNA de Armazém

Mas o início da história do Jabuti, de fato, remonta ainda mais, a 1992. A esquina onde o bar está é o endereço residencial dos pais do Sid, seu Vicente e dona Helena. Eles seguem morando nos fundos, em meio a um belíssimo jardim com pomar. Caminhoneiro de profissão, o seu Vicente construiu a parte da frente da casa para ser um armazém. Os carretos pelo Brasil, porém, o impediram de concretizar os planos. Pois foi no espaço ocioso que os irmãos Sionek – Sid e César – abriram uma eletrônica. Era início da década de 90. Em 1994, o César sai do negócio e o Sid transforma o ponto numa loja de games. Nas palavras do próprio Sid e do Toshio, “a moçada que se reunia em volta do poste, passou a se encontrar na Harmonia Games.” Enquanto jogavam, comiam o que havia disponível: paçoca, amendoim, bebiam refrigerante e água.

Um Dekassegui e um Roqueiro

Mais dois anos se passaram e, em 96, os amigos tiveram uma breve separação: o Toshio foi viver e trabalhar no Japão. O Sid resolveu investir em outra paixão, a música. Foi tocar percussão em bandas de rock cover. De volta do Japão, em 1997, o Toshio encontrou o amigo Sid morando na rua Goiás, no mesmo bairro. Junto com outros quatro amigos, eles fundaram a Peixe Cachorro, como batizaram a casa onde moravam e realizavam festas que ficaram famosas na região. Ali, montaram um palco e recebiam bandas alternativas. Ao longo dos dois anos vivendo na Peixe Cachorro, o Sid foi aprendendo sobre logística de vender bebidas e receber pessoas. Segundo ele, “o Toshio chegou a tempo de ir à última festa que realizamos na casa.”

O Sonho do Bar

Talvez por perceber a desenvoltura do amigo, Marcelo Toshio propôs ao Sidnei que buscassem um ponto para abrirem um bar na região. Após seis meses procurando, ainda não haviam achado. A solução encontrada foi utilizar a frente da casa dos pais do Sid, onde era para ter sido o armazém. Primeiro, tiveram que convencer o seu Vicente e a dona Helena. Depois, era preciso fazer algumas reformas, levantar uma cozinha, construir os banheiros. O Toshio convidou um tio que era pedreiro para liderar a empreitada. Ele topou ajudar, mas os meninos teriam que ser os serventes da obra. “Misturamos massa, fizemos prateleiras, pintamos, ajudamos a levantar a cozinha com um fogão de quatro bocas. Investindo o pouco dinheiro que haviam juntado, na primavera de 98 a dupla de amigos estava perto de realizar o sonho de abrir um bar. Só faltava o nome.

Jabuti

O seu Vicente viajava muito pelo norte do Brasil. Quando fazia carretos naquela região, costumava voltar com animais que soltava pelo jardim da casa do Água Verde: araras, papagaios, uma preguiça, jabutis. Um dia, enquanto almoçava com a família Sionek, sobrou comida no prato do Toshio. Dona Helena recomendou “jogue pro jabuti.” Em 19 de novembro de 1998, nascia um bar batizado com o nome do bicho resistente, longevo, forte, o Jabuti Bar.

Desde o primeiro dia, o bar abriu as portas para ser disputado. O estabelecimento encheu de amigos da casa Peixe Cachorro, dos tempos do Harmonia Games, além de quem passava pela rua e parava para prestigiar a novidade do baixo Água Verde. O Toshio foi para a cozinha com a namorada da época, atualmente sua esposa, a Fabiane. Naquele início, preparavam sanduíches tipo x-salada e fritavam aipim, batatas e uma manjubinha que era receita da Fabiane. No salão, Sidnei e Bárbara, na época também namorada e, hoje, esposa.

Feijoada e Música

No segundo final de semana que abriram o Jabuti, aconteceu a primeira feijoada da Casa. Serviram na cumbuca, trouxeram uma formação de samba e choro para tocarem ao vivo e a receita fez sucesso. Desde os primórdios, o Jabuti nunca parou de evoluir. “A coisa foi crescendo, tivemos que trabalhar cada vez mais, fomos investindo em estrutura”, contam Sid e Toshio. Aos domingos, passaram a levar a banda Regra 4 para tocar ao vivo. Era tanta gente que a aglomeração chegava a trancar a esquina onde o bar está. Haja cerveja e petisco para tanta gente. O agito durou até a vizinhança passar a reclamar do barulho. O Toshio não esquece o domingo quando um vizinho o convidou para dentro da casa dele enquanto as pessoas celebravam diante do bar: “Fui até o quarto, sentei na cama dele e não dava para ouvir o programa na televisão diante de nós”, recorda ele. A partir do domingo seguinte, não houve mais domingueira com música no Jabuti.

Jabuti 25 Anos

Eis duas receitas que parecem permear estes 25 anos de história e vestirem o bar como uma cervegela veste a garrafa de cerveja, garantindo sua longevidade: o respeito e a maturidade. Sidnei Sionek e Marcelo Toshio se conheceram no bairro Água Verde, assim como conhecem toda a vizinhança local, que acaba sendo uma parte considerável do público que os prestigia. Ali os meninos cresceram, tornaram-se jovens e, depois, adultos. No bairro onde está o Jabuti, os dois vêm formando e criando família, implementando a cozinha, desenvolvendo fornecedores. O mesmo parceiro fornece as batatas e a mandioca desde a inauguração do bar. Logo atrás do ponto, ainda vivem o seu Vicente e a dona Helena. Respeito, maturidade, boa vizinhança e família, portanto, são os principais ingredientes em cada preparo de cada feijoada, cada petisco, cada pão com bife ou com bolinho, de cada caipirinha ou shot de cachaça servidos no bar. Talvez isto explique a saúde e a tenacidade deste jovem senhor, parido de muitos pais, de muitas mães e rebento deste bairro tradicional chamado Água Verde.

O que comer no Jabuti

Tronquinho de cupim (croquete de cupim desfiado, empanado na panko)

Bolinho de costela

Carne de onça (receita original, preparada desde a inauguração)

Pão com tiras de mignon

Pão com bife

Nos almoços de sábado, buffet livre de feijoada com MPB ao vivo: 64,90 por pessoa

Cachaças

Além da cerveja sempre bem gelada, as cachaças ajudaram a popularizar o Jabuti. Não deixe de provar as licorosas de banana e de jabuticaba.

Quer uma dica final, do autor? No jardim da dona Helena tem um pé carregado de limão rosa, ou limão cravo. Exija junto com a sua porção ou, quem sabe, na caipirinha. Faça estes meninos irem colher do pomar onde morava o jabuti e onde eles cresceram e se tornaram homens.

Quando posso ir?

O Jabuti Bar abre de segunda a sexta, das 17h até meia-noite. Aos sábados, do meio-dia até meia-noite, com buffet de feijoada no almoço. Aos domingos não abre.

Onde fica esta pérola da botecagem?

Na rua Professor Assis Gonçalves, 1506, bairro Água Verde

Tel. 41 3229-5054

@jabutibar

www.jabutibar.com.br